Gosto muito do
meu trabalho, mas, tem dias, que é muito cansativo, como ontem. Parecia um dia
como outro qualquer: as crianças pulando, gritando, correndo, derrubando carteiras, borrachas somem, voam,
lápis quebram, choro, risadas. Falando assim, não parece uma sala de aula, mas
quem é professor sabe que é assim, que mesmo em meio, ou até mesmo por causa desta
loucura, a educação, o aprendizado acontece.
Tenho uma
turma de primeiro ano e crianças entre 5 e 6 anos, 30 crianças e se uma criança
de 6 anos tem muita energia imagine, tantas juntas?! Precisam brincar, gastar essa energia, por
isso, por mais doce que eles sejam, na
maior parte do tempo são, por mais que goste do meu trabalho, cansa.
Todo os dias,
tem a hora da leitura, momento no qual escolho alguma história para ler para as
crianças, mas quando alguma criança pede, leio o livro que ela trouxe. Paulinho é um dos alunos mais inteligente,
curioso e animado da turma e vira e mexe ele traz uma revistinha em quadrinho e
pede que eu leia.
Ontem, ele trouxe
uma revistinha e pediu para eu ler uma história do Homem Aranha, e como sempre
fizemos uma roda e comecei a leitura.
Mas no meio da leitura escuto buchichos,
risinhos e de repente:
- Prô olha o Paulinho.
- Olha o que ele está fazendo.
- Não, Prô olha onde ele está!!!!
Parecia que
fazia, apenas, alguns segundos que o tinha visto, mas estes segundos foram
suficiente para que Paulinho subisse na cadeira, depois na mesa, depois, no
armário. Lá estava Paulinho em cima do armário, pronto para pular. Eu fiquei desesperada.
- Paulinho!! Fica ai, paradinho, você pode cair.
- Que nada professora, no pulo e
solto minha teia. Eu não vou cair, se eu estivesse em perigo meu sensor aranha
avisaria.
Pedi para Aninha chamar a
inspetora, mas enquanto isso a sala pirava, alunos riam, outros gritava, outros
choravam. Logo entra Cristina, eu conto rapidamente o ocorrido e ela diz:
- Já tenho a solução.
- Fica ai Paulinho, não se mexe,
porque eu tenho que tirar você daí, você não pode descer usando seus poderes
porque a tia May está lá fora, pronta pra entrar, se você usar seus poderes ela
vai saber que você é o Homem Aranha.
Nada como o sangue frio e a
experiência para resolver os problemas. Paulinho ficou quietinho esperando que
nos salvássemos.
Eliane Pereira
Crônica baseada na notícia:
“Vestido de Homem-Aranha, bombeiro salva menino com autismo”.
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